quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Bala Perdida

Chamo-te,
E chamar-te não é suficiente,
amo-te,
e eu sei que amar-te não basta,
beijo-te,
e a essência dos teus lábios…

a essência dos teus lábios
perde-se, morre, mata.

Onde estás?
Onde estás bala perdida?

Vagabundo pelas ruas,
solitário de mãos vazias.
Quem és tu?
Quem eras tu antes de ser
o que fere, o que rouba, o que mata?

Quem?

Guilherme,
dissera tua mãe.
Bala perdida,
assim te chamavam.

Bala perdida.
Rouba, foge, mata,
Um dia destes morre,
disseram-te.

Guilherme.
Foge, foge, foge.
Porque a dor dos dias tristes dói bem mais que o desejo de fuga.

O Escritor


Queria ser escritor.
Talvez escrever o mundo,
Esculpir na folha de papel,
Queria ser escritor,
dissera.

Escrever os rostos sábios e cansados,
Escrever a vida,
Escrever os passos pela rua.

Roubaram-lhe a caneta,
Roubaram-lhe a alma,
Saquearam-lhe o sonho.

Ninguém nasce para escrever,
disseram eles.

A sua voz lá no fundo,
A sua voz cada vez mais forte.

Eu queria ser escritor.
Ninguém nasce para escrever.

Sabes?
Ninguém deveria nascer para aniquilar sonhos.

Palavra Perdida

Amor.
A palavra pronunciada tantas vezes,
E hoje,
Apenas palavra,
Como todas as outras.
Perdida.
Como todas as outras.

Amor.
A palavra proibida.
Porque de tantas vezes pronunciada
está gasta, como o tempo
que me apaga a tinta da caneta.

Não digas nada,
permanece em silêncio,
Amor.
É esta a palavra proibida,
Não esqueças.

Mesmo que o mundo morra,
Mesmo que as pernas fraquejem,
Mesmo que o olhar se perca…

Prometes?

Falei-te das palavras eternas
Porque a sua força há-de torná-las sempre perdidas.
 
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