quarta-feira, 11 de abril de 2007

Medo

Quanto medo neste meu peito,
Nesta superfície de metal,
Onde se sorri e se chora,
Onde se ganha e se perde.

Quanto medo que a tua voz se cale,
Que as palavras se percam
No labirinto dos sonhos,
Que os rostos percam nitidez
No temeroso passar dos tempos.

Não me procuras,
Desisti de te encontrar.

Talvez seja melhor assim,
Dizem que a irrevogabilidade
de certas coisas
dói incrivelmente menos.

Vou fingir que acredito.
Que quando o meu coração te procura,
Não há mapas que me conduzam a ti.

Vou fingir que te perdi,
Como se perde o comboio.

Perdi-te por entre os rostos da multidão.
Esqueci de que cor vestias,
Que sorriso trazias no rosto,
Que sentimento levavas no peito.

Esqueci.

Ou fingi esquecer.

Tanto faz.

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