Quem és tu?
Tu que me dizes o que é certo e errado,
Que te deitas comigo há vinte anos
E continuas a ignorar o significado da palavra amor.
Tu que usas uma aliança no dedo,
Para te sentires meu,
Quando nem a ti te pertences.
Tu,
Que tocas o espelho
Na tentativa desesperada de agarrar uma imagem que não te pertence.
Tu,
Que acordas cedo e te deitas tarde,
Para fingir que a vida não passa por ti,
Para sorrir tristemente,
Julgando-te mais feliz que os infelizes.
Não há ases num baralho viciado.
Perdeste.
Perdemos.
Mas as lições não se ensinam, aprendem-se.
Isa Mestre
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Sem Saber
Estamos todos tão sós.
Há em ti a crueldade de vinte anos que não viveste,
As borbulhas que, de repente, se transformaram em rugas,
Os sonhos que se fizeram em estilhaços de ousadia.
Hoje, olhas-te ao espelho
E já não sabes quem és,
Se a filha, se a mãe, se a avó…
Já não sabes se hás-de sorrir,
Ou se hás-de esconder as lágrimas,
Quando a tristeza do tempo te assolar a alma.
Queres desistir,
Voltar à concha,
Acreditar que podes ainda ser a mulher que um dia foste.
Mas o tempo foge,
O tempo foge e tu já não sabes jogar à apanhada.
Faltam-te as forças,
Falha-te a agilidade.
E quando cais,
Já não sabes se queres erguer-te,
Se queres fitar o horizonte e seguir em frente,
Ou simplesmente parar,
Esquecer-te do mundo,
E cair no mais profundo de ti.
Já não sabes se queres ouvir o mundo,
Como o ouvias nos dias de solidão,
Ou se preferes morrer no silêncio do teu quarto.
Tens setenta anos e chamam-te parva,
- Estás velha,
Pensam eles, enquanto fingem sorrir-te com carinho.
Tontos.
Eles a julgar-te velha e tu a vê-los tropeçar na senda da vida.
Quem será mais capaz?
Os que tropeçam nos degraus da escada ou os que o fazem nos degraus da vida?
Isa Mestre
Há em ti a crueldade de vinte anos que não viveste,
As borbulhas que, de repente, se transformaram em rugas,
Os sonhos que se fizeram em estilhaços de ousadia.
Hoje, olhas-te ao espelho
E já não sabes quem és,
Se a filha, se a mãe, se a avó…
Já não sabes se hás-de sorrir,
Ou se hás-de esconder as lágrimas,
Quando a tristeza do tempo te assolar a alma.
Queres desistir,
Voltar à concha,
Acreditar que podes ainda ser a mulher que um dia foste.
Mas o tempo foge,
O tempo foge e tu já não sabes jogar à apanhada.
Faltam-te as forças,
Falha-te a agilidade.
E quando cais,
Já não sabes se queres erguer-te,
Se queres fitar o horizonte e seguir em frente,
Ou simplesmente parar,
Esquecer-te do mundo,
E cair no mais profundo de ti.
Já não sabes se queres ouvir o mundo,
Como o ouvias nos dias de solidão,
Ou se preferes morrer no silêncio do teu quarto.
Tens setenta anos e chamam-te parva,
- Estás velha,
Pensam eles, enquanto fingem sorrir-te com carinho.
Tontos.
Eles a julgar-te velha e tu a vê-los tropeçar na senda da vida.
Quem será mais capaz?
Os que tropeçam nos degraus da escada ou os que o fazem nos degraus da vida?
Isa Mestre
terça-feira, 15 de maio de 2007
Repetição
Recordo ainda como dizias a palavra amor,
- Amor,
Dizias tu,
Como se isso fosse tudo no mundo,
Como se isso bastasse,
Como se isso te fizesse feliz todos os dias.
- Amor,
Cada letra suavemente pronunciada,
E no teu rosto esse sorriso maroto,
Essa alegria de quem o procura por toda a parte.
- Amor,
Mesmo quando os meninos choravam
E os homens tinham vergonha de fazê-lo.
- Amor,
Era isso que dizia no bilhete que me deixaste.
- Amor,
Foi esta a lição que me ensinaste.
Isa Mestre
- Amor,
Dizias tu,
Como se isso fosse tudo no mundo,
Como se isso bastasse,
Como se isso te fizesse feliz todos os dias.
- Amor,
Cada letra suavemente pronunciada,
E no teu rosto esse sorriso maroto,
Essa alegria de quem o procura por toda a parte.
- Amor,
Mesmo quando os meninos choravam
E os homens tinham vergonha de fazê-lo.
- Amor,
Era isso que dizia no bilhete que me deixaste.
- Amor,
Foi esta a lição que me ensinaste.
Isa Mestre
Farsa
Tu sorris.
Finges.
Encenas.
Porque mesmo que não gostes,
Hás-de sempre fingir que gostas,
E mesmo que não sintas,
A tua boca há-de sempre dizer que sentiu.
O teatro continua,
Ela fala e tu sorris.
Ela acredita que gostas dela,
Tu tens a certeza que a odeias,
Porém,
Tu sabes,
Que para se atingir determinados fins,
Não se pode olhar a meios.
E ela
É para ti,
Apenas isso…
Um meio.
Hás-de conseguir,
Porque ela há-de sorrir-te,
Há-de acreditar que tu ao menos és sincero.
E eu hei-de rir-me,
Porque ela mandará calar quem fala verdade,
Para ouvir atentamente a tua mentira.
Isa Mestre
Finges.
Encenas.
Porque mesmo que não gostes,
Hás-de sempre fingir que gostas,
E mesmo que não sintas,
A tua boca há-de sempre dizer que sentiu.
O teatro continua,
Ela fala e tu sorris.
Ela acredita que gostas dela,
Tu tens a certeza que a odeias,
Porém,
Tu sabes,
Que para se atingir determinados fins,
Não se pode olhar a meios.
E ela
É para ti,
Apenas isso…
Um meio.
Hás-de conseguir,
Porque ela há-de sorrir-te,
Há-de acreditar que tu ao menos és sincero.
E eu hei-de rir-me,
Porque ela mandará calar quem fala verdade,
Para ouvir atentamente a tua mentira.
Isa Mestre
quarta-feira, 11 de abril de 2007
Medo
Quanto medo neste meu peito,
Nesta superfície de metal,
Onde se sorri e se chora,
Onde se ganha e se perde.
Quanto medo que a tua voz se cale,
Que as palavras se percam
No labirinto dos sonhos,
Que os rostos percam nitidez
No temeroso passar dos tempos.
Não me procuras,
Desisti de te encontrar.
Talvez seja melhor assim,
Dizem que a irrevogabilidade
de certas coisas
dói incrivelmente menos.
Vou fingir que acredito.
Que quando o meu coração te procura,
Não há mapas que me conduzam a ti.
Vou fingir que te perdi,
Como se perde o comboio.
Perdi-te por entre os rostos da multidão.
Esqueci de que cor vestias,
Que sorriso trazias no rosto,
Que sentimento levavas no peito.
Esqueci.
Ou fingi esquecer.
Tanto faz.
Nesta superfície de metal,
Onde se sorri e se chora,
Onde se ganha e se perde.
Quanto medo que a tua voz se cale,
Que as palavras se percam
No labirinto dos sonhos,
Que os rostos percam nitidez
No temeroso passar dos tempos.
Não me procuras,
Desisti de te encontrar.
Talvez seja melhor assim,
Dizem que a irrevogabilidade
de certas coisas
dói incrivelmente menos.
Vou fingir que acredito.
Que quando o meu coração te procura,
Não há mapas que me conduzam a ti.
Vou fingir que te perdi,
Como se perde o comboio.
Perdi-te por entre os rostos da multidão.
Esqueci de que cor vestias,
Que sorriso trazias no rosto,
Que sentimento levavas no peito.
Esqueci.
Ou fingi esquecer.
Tanto faz.
terça-feira, 27 de março de 2007
Escuta-me
Quando me perguntares porquê,
Hei-de responder-te a única coisa que trago gravada no peito,
As únicas letras,
Que sendo minhas me fogem a cada instante.
Porque o que sou é o que sinto,
E o que faço é o que sinto e o que sou.
Não me procures.
Vivo dentro de ti…
E talvez por isso te perguntes,
- Porquê?
Enquanto te abraço.
- Porquê?,
Quando parecemos tão ridículos nestes actos.
Escuta.
Porque só abraço aqueles de quem gosto.
Hei-de responder-te a única coisa que trago gravada no peito,
As únicas letras,
Que sendo minhas me fogem a cada instante.
Porque o que sou é o que sinto,
E o que faço é o que sinto e o que sou.
Não me procures.
Vivo dentro de ti…
E talvez por isso te perguntes,
- Porquê?
Enquanto te abraço.
- Porquê?,
Quando parecemos tão ridículos nestes actos.
Escuta.
Porque só abraço aqueles de quem gosto.
sexta-feira, 23 de março de 2007
Pensamento
Ás vezes queria apenas dizer-te obrigada,
Por esse castanho doce dos teus olhos,
Por essa sinceridade no sorriso,
Por todos os sonhos que não cabem no mundo…
Dizer-te que gosto de ti.
Abraçar-te.
Sorrir-te.
E ao menos uma vez na vida,
Não me sentir ridícula.
Não me acreditar sozinha
Neste mundo de tanta gente
Sem saber sorrir,
Nesta planície de tantos sonhos,
Sem terra para crescer.
Pudesse eu dizer-te que gosto de ti,
Apenas isso,
Como se fosses sangue do meu sangue,
Como se escrevêssemos arduamente a história de uma vida.
Pudesse eu ver-te sorrir sempre,
Acreditar que há réstia de alegria,
Na tristeza obscura do meu coração.
*A alguém que sente, vive, ama e sorri. Alguém que saberá quem é, mesmo sem que precise dizê-lo.
Por esse castanho doce dos teus olhos,
Por essa sinceridade no sorriso,
Por todos os sonhos que não cabem no mundo…
Dizer-te que gosto de ti.
Abraçar-te.
Sorrir-te.
E ao menos uma vez na vida,
Não me sentir ridícula.
Não me acreditar sozinha
Neste mundo de tanta gente
Sem saber sorrir,
Nesta planície de tantos sonhos,
Sem terra para crescer.
Pudesse eu dizer-te que gosto de ti,
Apenas isso,
Como se fosses sangue do meu sangue,
Como se escrevêssemos arduamente a história de uma vida.
Pudesse eu ver-te sorrir sempre,
Acreditar que há réstia de alegria,
Na tristeza obscura do meu coração.
*A alguém que sente, vive, ama e sorri. Alguém que saberá quem é, mesmo sem que precise dizê-lo.
sábado, 3 de março de 2007
Pugno
Lutador.
Nos dedos o sangue das feridas,
chamar-lhe-ão feridas de batalha,
resquícios da guerra.
Porque nos teus olhos há a inocência,
a meiguice daqueles meninos
que queremos beijar e não se pode.
Lutador.
É este o teu nome.
Mesmo depois de tudo acabar,
será este o teu nome,
sempre.
Quando te sararem as feridas das mãos,
ensiná-las-ás a escrever,
não palavras de guerra,
mas gestos de paz.
Lutador.
Tens os olhos cansados de tanto ver,
perdeste a alma por aí,
não procuras nada nem ninguém.
És teu e não te pertences.
És tu e não te reconheces.
Um dia chamar-te-ão lutador
e tu nem olharás para trás.
Mas, as mãos,
essas continuaram repletas de feridas.
Nos dedos o sangue das feridas,
chamar-lhe-ão feridas de batalha,
resquícios da guerra.
Porque nos teus olhos há a inocência,
a meiguice daqueles meninos
que queremos beijar e não se pode.
Lutador.
É este o teu nome.
Mesmo depois de tudo acabar,
será este o teu nome,
sempre.
Quando te sararem as feridas das mãos,
ensiná-las-ás a escrever,
não palavras de guerra,
mas gestos de paz.
Lutador.
Tens os olhos cansados de tanto ver,
perdeste a alma por aí,
não procuras nada nem ninguém.
És teu e não te pertences.
És tu e não te reconheces.
Um dia chamar-te-ão lutador
e tu nem olharás para trás.
Mas, as mãos,
essas continuaram repletas de feridas.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
Bala Perdida
Chamo-te,
E chamar-te não é suficiente,
amo-te,
e eu sei que amar-te não basta,
beijo-te,
e a essência dos teus lábios…
a essência dos teus lábios
perde-se, morre, mata.
Onde estás?
Onde estás bala perdida?
Vagabundo pelas ruas,
solitário de mãos vazias.
Quem és tu?
Quem eras tu antes de ser
o que fere, o que rouba, o que mata?
Quem?
Guilherme,
dissera tua mãe.
Bala perdida,
assim te chamavam.
Bala perdida.
Rouba, foge, mata,
Um dia destes morre,
disseram-te.
Guilherme.
Foge, foge, foge.
Porque a dor dos dias tristes dói bem mais que o desejo de fuga.
E chamar-te não é suficiente,
amo-te,
e eu sei que amar-te não basta,
beijo-te,
e a essência dos teus lábios…
a essência dos teus lábios
perde-se, morre, mata.
Onde estás?
Onde estás bala perdida?
Vagabundo pelas ruas,
solitário de mãos vazias.
Quem és tu?
Quem eras tu antes de ser
o que fere, o que rouba, o que mata?
Quem?
Guilherme,
dissera tua mãe.
Bala perdida,
assim te chamavam.
Bala perdida.
Rouba, foge, mata,
Um dia destes morre,
disseram-te.
Guilherme.
Foge, foge, foge.
Porque a dor dos dias tristes dói bem mais que o desejo de fuga.
O Escritor
Queria ser escritor.
Talvez escrever o mundo,
Esculpir na folha de papel,
Queria ser escritor,
dissera.
Escrever os rostos sábios e cansados,
Escrever a vida,
Escrever os passos pela rua.
Roubaram-lhe a caneta,
Roubaram-lhe a alma,
Saquearam-lhe o sonho.
Ninguém nasce para escrever,
disseram eles.
A sua voz lá no fundo,
A sua voz cada vez mais forte.
Eu queria ser escritor.
Ninguém nasce para escrever.
Sabes?
Ninguém deveria nascer para aniquilar sonhos.
Palavra Perdida
Amor.
A palavra pronunciada tantas vezes,
E hoje,
Apenas palavra,
Como todas as outras.
Perdida.
Como todas as outras.
Amor.
A palavra proibida.
Porque de tantas vezes pronunciada
está gasta, como o tempo
que me apaga a tinta da caneta.
Não digas nada,
permanece em silêncio,
Amor.
É esta a palavra proibida,
Não esqueças.
Mesmo que o mundo morra,
Mesmo que as pernas fraquejem,
Mesmo que o olhar se perca…
Prometes?
Falei-te das palavras eternas
Porque a sua força há-de torná-las sempre perdidas.
A palavra pronunciada tantas vezes,
E hoje,
Apenas palavra,
Como todas as outras.
Perdida.
Como todas as outras.
Amor.
A palavra proibida.
Porque de tantas vezes pronunciada
está gasta, como o tempo
que me apaga a tinta da caneta.
Não digas nada,
permanece em silêncio,
Amor.
É esta a palavra proibida,
Não esqueças.
Mesmo que o mundo morra,
Mesmo que as pernas fraquejem,
Mesmo que o olhar se perca…
Prometes?
Falei-te das palavras eternas
Porque a sua força há-de torná-las sempre perdidas.
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