segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Voz

Fala-me,
Peço-te.

Dita-me palavras,
Por frágeis e trémulas que sejam as minhas mãos,
Dita-me palavras para que possa escrever-te.

Deixa contar ao mundo que vives em mim.

És o homem mais belo do mundo.

Nunca te vi e tenho a certeza disso.
Olho-te quando me sorris,
Vejo-te quando fechas os olhos para voltar no dia seguinte.

Dormes em mim.
Acordas por vezes,
Tens medo,
Tens frio,
Apetece-te fugir.

Corro por ti,
Vagabundeamos por este mundo
E chamamos loucos aos que dormem na rua,
Quando sabemos tão bem,
Que os loucos somos nós.

Fala-me,
Digo-te nessas noites de insónia.
E, por vezes, ficas apenas calado,
Como que fazendo-me duvidar que estás aí.

Senta-te um pouco,
Oferece-me palavras que é o que de melhor tem a vida.

Sorris e vais embora.
Amanhã voltarás e eu nunca saberei se ouço a tua voz,
Eu nunca saberei se amanhã conseguirei escrever-te como te escrevo hoje.

Isa Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

Como entendo esse poema... Quanta sensibilidade... A minha opinião é só uma e é bastante firme... Eu entendo como bons poemas, todos aqueles poemas que nos dão a sensação de estarem inteiros... Sem absolutamente nada que lhes falte... Nenhuma palavra... Nenhum ponto... E até nenhum sentimento... E neste, particularmente, encontro mais do que o saber escrever e brincar com as palavras... Vislumbro maturidade, caminhos cumpridos de quem não sabe se já terá ultrapassado algo... Caminhos incertos, de que caminhos mais ainda teremos de percorrer na vida... semelhantes a estes... que nos fazem parar... pensar... desabafar... e concluir, esta verdadeira obra de arte =) Parabéns! Pedro Rodrigues

 
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